terça-feira, 30 de novembro de 2010
Saiba como manter sempre por perto, mas longe da gaiola, passarinhos como o coleirinha
Coleirinha, bigodinho e tiziu. Estão aí três passarinhos que praticamente todo mundo conhece e que normalmente são encontrados nas cidades, em terrenos baldios onde as gramíneas cresçam e produzam sementes. O coleira é também chamado de papa-capim. Não é à toa: se o primeiro nome se dá pela distinta coleira cinza que a espécie apresenta sobre o peito branco, o segundo revela seu hábito alimentar. Até o nome científico traduz a preferência do passarinho: Sporophila caerulescens. Sporo significa semente em grego e philo, amante. Já caerulescens vem do latim e significa azulado, embora eu só consiga enxergar nele o cinza com um leve tom esverdeado.
Antes de iniciarem o período de reprodução, os coleirinhas são vistos aos bandos, pousando sobre as sementeiras. Assim que formam um casal, porém, cada macho marca um território ao redor do ninho e não permite a entrada de outro macho, tornando-se agressivo. É nesse período que mais canta, justamente para marcar tal território. O coleirinha tem um canto simples, melodioso e de poucas notas, no máximo dez. Conforme a região que habita apresenta também variações, chamadas de dialetos.
O nome científico do bigodinho também confirma sua condição de amante de sementes. O gênero também é Sporophila e a espécie — S. lineola — quer dizer pequena linha. Mas o nome popular tem origem em duas pequenas manchas brancas nas laterais do bico, lembrando um bigode.
Assim como o coleira, o bigodinho tornou-se muito conhecido devido ao canto, também bastante apreciado. Por isso, essas duas espécies se transformaram em “passarinhos de gaiola”. Foram e ainda são caçados, mesmo sendo essa prática considerada crime. Por outro lado, a reprodução em cativeiro, com autorização do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), tornou-se um meio legal de se obter essas aves para manter em gaiolas.
Já o tiziu (Volatinia jacarina) não é um grande cantor. No entanto, justamente o som de seu canto curto e pobre — ‘ti-síu’ — deu origem ao nome popular. Embora aprecie sementes tanto quanto o coleirinha e o bigodinho, seu nome científico não faz referência ao hábito alimentar. Volatinia é o diminutivo do latim volatus, que significa voante. Ou seja, trata-se de um voador pequeno ou que realiza vôos pequenos. Na verdade, o tiziu é as duas coisas: uma pequena ave que realiza vôos pequenos. E são cheios de graça, dignos de um acrobata.
É comum encontrar um tiziu se exibindo. Conforme emite o canto ‘ti-siu’ dá um pulo vertical e vira, como se realizasse um looping. Nesse salto, abre e fecha as asas várias vezes, revelando uma mancha de plumagem branca brilhante, que não imaginamos ao olhar esse passarinho pousado, quando é totalmente negro. Em um minuto já cheguei a contar 12 dessas manobras, realizadas pela mesma avezinha. E por que esse passarinho faz isso? Acredito que seja para atrair uma parceira, para marcar território ou, mais poeticamente, “por estar de bem com a vida”.
As três espécies em questão apresentam dimorfismo sexual acentuado, ou seja, as fêmeas são muito diferentes dos machos. Elas são pardas e é até difícil distinguir uma da outra, sobretudo as do mesmo gênero, como coleirinha e bigodinho. Os filhotes também são pardos e os machos só se distinguem ao adquirir a plumagem adulta, após a primeira muda de penas.
Os três passarinhos são muito abundantes durante a primavera e o verão. No final de março torna-se mais difícil avistá-los, mas ainda não há estudos que expliquem a contento sua migração. Estudos feitos no Suriname registram um aumento grande da população de bigodinhos nos meses de maio a agosto, entrando em declínio logo depois. Um indicativo que, durante o inverno, ocorre uma migração do Sul para o Norte. Em setembro todos voltam a se mostrar bastante ativos. É tempo de formação de casais para o período de reprodução, em todo Centro-Sul do Brasil.
Se você, assim como eu, gostaria de ter esses passarinhos por perto, sem tê-los em gaiolas, pode pensar em atraí-los para sua casa instalando comedouros com sementes. Uma mistura de 55% de alpiste, 20% de painço amarelo, 10% de senha, 10% de níger e 5% de painço português é uma receita usada por criadores em cativeiro. E se serve para alimentar o passarinho em gaiola deve ser eficiente também para alimentá-los soltos. Esse ano vou fazer a experiência, espero que dê certo. É claro que as chances de sucesso são maiores no período da primavera ao verão. Até lá, você e eu temos tempo para providenciar os comedouros.
Fonte:http://eptv.globo.com/terradagente/NOT,0,0,325045,Os+papa-sementes.aspx
Comentário: Muito legal poder manter espécies tão lindas como essas sem ter que prender em gaiolas! Quando fizemos o curso de campo no PESCAN, participamos de uma prática com aves orientadas pelos professores Diego e Camila, e o mais interessante é que não foi preciso prender os pássaros lindos que vimos em nenhuma gaiola, o que utilizamos foi apenas um binóculo e um gravador, e com esses materiais foi possível observar várias aves soltas pelo parque e gravar seus cantos para a identificação das espécies. Segue algumas fotos da prática:
Equipe indo à procura das aves!!!
Nós, com nossa colega da Biologia Isabella e com os professores que nos orintaram na práica, Diego e Camila.
Beijos BiA
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